segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Magusto Domingo dia 8 de Novembro 2009

Como anunciado, a manhã de domingo passado, 8 de Novembro, foi de Magusto, na Paróquia. No final das Eucaristias, muitos se aproximaram das mesas instaladas para o efeito, com satisfação uns, outros com timidez, a recolher a oferta de um pacotinho de castanhas, servidas, graças à colaboração de tantos, “quentes e boas”. O adro encheu-se das vozes alegres e dos sorrisos generosos de quantos, pequenos e graúdos, trocavam “bons-dias” e partilhavam o tradicional fruto da época de São Martinho. Partilha é, afinal, o que nos ensina o exemplo do Santo, que assim recordámos, a rasgar a veste em dois, atento à pobreza e solícito a suprir a necessidade do próximo. Neste magusto, partilhavam-se, antes de mais, os dons do tempo, da disponibilidade e da alegria do encontro, como que a repetir com toda a comunidade, e durante toda a manhã, a experiência da Festa do Acolhimento, que as crianças do primeiro ano da Catequese celebraram, nesse dia, na Eucaristia das 9h45. O “acolher o outro” é o primeiro e essencial passo para nos reconhecermos irmãos. Assim sendo, dá tanto de si, quem estende, por exemplo, um pacote de castanhas, como quem o recebe. Até pode dizer-se, vendo bem, que o caminho é mais longo para aquele que recebe, porque quem dá, já estava na disposição de o fazer, o gesto já estava carinhosamente pensado, a acção atempadamente preparada. Mas aquele que é surpreendido com uma oferta, não teve o tempo de se preparar antes, tem de reagir espontaneamente, sem “vestir” o coração com as cores da conveniência. E, por isso, quando o espanto inicial dá lugar a uma alegria sincera, estampada num sorriso que ilumina até a manhã mais cinzenta, em troca de um punhado de castanhas, já não se distingue aquele que deu do que recebeu, porque ambos ficaram iguais, de mãos sujas e coração cheio, infinitamente mais ricos. Assim acontecia ontem, no nosso Magusto. E era a uns e a outros que Jesus, no Evangelho, lançava um aliciante desafio – chamando a atenção para a oferta da viúva pobre, convidava-nos a todos, não apenas a dar, mas a darmo-nos mutuamente, oferecendo em cada pequeno gesto a nossa própria vida. E, mais ainda, com o Seu exemplo de Mestre, ensinava-nos também o quão importante é prestarmos mais atenção a quem oferece. Quantas vezes passámos distraidamente por quem nos disponibiliza um olhar, uma palavra ou um sorriso. E desperdiçamos tantas oportunidades de acolher quem, com essas singelas ofertas, se nos dirige. Temos agora um convite para acolhermos verdadeiramente todos os que nos oferecem o seu tempo e um pouco de si próprios, na escola ou no trabalho ou nos lugares em que nos encontremos, habitual ou ocasionalmente, com outras pessoas. Mas podemos talvez começar por acolher aqueles de quem já nos habituámos a receber a disponibilidade e a gentileza, por serem os nossos pais, filhos, irmãos, amigos de sempre, e aos quais já nos esquecemos, por vezes, de agradecer. É tempo de os acolher e de lhes retribuirmos o gesto. E, se assim fizermos, se aprendermos a dar e a receber com um sorriso sempre novo e sincero, estaremos todos a multiplicar a alegria e a fazer crescer o tesouro do amor.

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